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Brasileirão deve parar? Falta consenso, há prós e contras

Por Felipe Crisafulli

Campinas, SP, 14 (AFI) – O momento é de preocupação e consternação de toda a população brasileira, mas não só: também no exterior a imprensa vem dando bastante atenção à situação de calamidade pública que vive o Rio Grande do Sul, com centenas de mortos e desaparecidos, além de quase vinte Maracanãs lotados de pessoas afetadas pelas inundações que devastam o Estado.
 

Nesse contexto, ficaram os clubes gaúchos impossibilitados – física, emocional e tecnicamente – de disputar as competições nacionais e internacionais de que participam, seja porque os estádios dos clubes ficaram alagados, seja porque até mesmo o aeroporto da capital gaúcha ficou com água a 2,5 metros de altura – para além das incontáveis vias submersas nas mais variadas cidades do Estado.

CBF E CONMEBOL 

Diante dessas dificuldades extremas, a CBF e a Conmebol se viram obrigadas a adiar as partidas dos clubes gaúchos em suas competições. Soluções foram propostas, tais como as equipes treinarem e jogarem noutros Estados, entretanto isso acabou não avançando, tanto pelas dificuldades locais (enchentes que impedem os deslocamentos das pessoas) quanto por encontrar resistência de Grêmio, Internacional e Juventude, por exemplo, diante do forte apelo emocional vivenciado pelos atletas, dirigentes, torcedores e afins, bem como dos prejuízos técnicos (ex.: atuar longe de suas torcidas).
 

Ainda, por não haver previsão – ou mesmo certeza – de quando a situação se normalizará minimamente na região, outra possibilidade que se pôs à mesa é a da paralisação dos campeonatos. Apesar de, ao que parece, não ser a preferência da CBF, a entidade convocou reunião extraordinária do Conselho Técnico da Série A com os clubes para o dia 27 de maio, data em que se encerrará o período inicialmente fixado para adiamentos das partidas de Grêmio, Internacional e Juventude.

FALTA CONSENSO 

Em que pese aos regulamentos esportivos não tratarem do assunto, pois apenas preveem que as tabelas de jogos (dias e horários) poderão ser alteradas por força maior, pandemia ou razões excepcionais (CBF) ou sempre que se considerar necessário (Conmebol), ao permitirem a remarcação das partidas para datas futuras, automaticamente se abre o flanco à paralisação, ainda que temporária, das competições. De todo modo, reitere-se, por ora há meros adiamentos pontuais de jogos, sem consenso quanto à suspensão dos torneios.
 

E não há consenso por diversos motivos. Se, de um lado, são inequívocos os prejuízos esportivos dos clubes gaúchos – impossibilitados de treinar e jogar, seus atletas perdem condicionamento físico, ritmo de jogo, tempo de bola –, de outro, há razões que justificariam as demais partidas, envolvendo apenas clubes das outras regiões do País, serem realizadas normalmente, tais quais a arrecadação de doações (alimentos, bebidas, roupas, etc.), o repasse de dinheiro auferido com bilheteria aos Municípios atingidos pelas chuvas, campanhas de ajuda aos flagelados nas camisas dos clubes e nas placas de publicidade dos estádios, etc.
 

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