Campinas, SP, 08 – A eliminação do Brasil diante do Uruguai nas quartas de final da Copa América teve uma imagem marcante nas redes sociais: a ausência de Dorival Júnior, treinador da seleção, na “rodinha” dos atletas antes da disputa por pênaltis. Do lado uruguaio, Marcelo Bielsa levou a prancheta e ficou, rodeado pelos atletas, passando as informações. Criticado por não estar presente no momento mais decisivo e ignorado pelos jogadores, Dorival defende que este é seu comportamento natural nas disputas – e o histórico recente mostra isso.
Antes de assumir a seleção brasileira, Dorival comandou Flamengo, em 2022, e São Paulo, em 2023. Foi no time tricolor que o treinador recebeu o convite para suceder Fernando Diniz após Carlo Ancelotti, desejo da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), renovar com o Real Madrid. Nesses trabalhos mais recentes, passou por três disputas de pênaltis: Corinthians, final da Copa do Brasil de 2022; Sport, oitavas da Copa do Brasil de 2023, e LDU, quartas da Copa Sul-Americana. Em nenhuma destas Dorival se colocou no meio da conversa dos atletas.
“Em todas as cobranças que eu participei, eu nunca entro naquela roda. Tudo o que fizemos foi preparatório e anterior a partida. Naquele momento, não preciso falar nada. Se pegar imagem de outros jogos, podem acompanhar que não entro ali”, afirmou, em entrevista ao GE. Segundo o treinador, a foto que viralizou nas redes se deve ao fato de precisar cortar um jogador da disputa, já que o Uruguai tinha um expulso. Guilherme Arana foi o escolhido, mas o treinador não se lembrava do seu número na camisa.
“A pessoas fazem uma avaliação de uma foto, de um gesto, de uma palavra, de uma atitude… Só peço que exista respeito a todos os profissionais. Quando atleta, ficava sempre um pouco afastado, mas junto com o grupo, ouvia aquele debate inicial mas tentava me concentrar, havia treinado para bater, queria estar concentrado e acima de tudo tranquilo”, defendeu.
Contra Sport e Corinthians, a estratégia de se afastar dos jogadores deu certo – classificação e título da Copa do Brasil, respectivamente. Diante de LDU e, na última semana, contra o Uruguai, não. Além disso, como o próprio treinador defendeu, em disputas mais antigas também ficou distante dos jogadores na disputa. É o caso da decisão da Copa do Brasil de 2015, contra o Palmeiras, quando comandava o Santos.
Dorival também afirmou que, contra o Uruguai, já havia definido todos os cobradores antes do fim da partida. O único com quem conversaria, antes da disputa, era Alisson. O goleiro, inclusive, defendeu o treinador após a eliminação. “Ele estava ali sim, perto da roda. Isso é particular de cada treinador. Pegaram algumas imagens isoladas, mas ele estava bem próximo da gente, conversou comigo, passou confiança para mim, passou confiança para os jogadores. Agora na hora da derrota, fica todo mundo que vai ficar procurando pelo em ovo”, afirmou.
O Brasil caiu precocemente na Copa América, nas quartas de final, depois um 0 a 0 pouco inspirado contra o Uruguai. Nas cobranças de pênalti, Éder Militão e Douglas Luiz erraram suas cobranças. Alisson ainda pegou uma batida, mas não foi suficiente, e a seleção perdeu a disputa por 4 a 2.