Rio de Janeiro, RJ, 16 – A seleção brasileira encerrou esta Data Fifa com 100% de aproveitamento, com vitórias sobre o Chile, por 2 a 1, em Santiago, e o Peru, por 4 a 0, em Brasília. O técnico Dorival Júnior iniciou este período bastante pressionado pelo mau desempenho do Brasil nas últimas partidas, assim como a distância dos líderes na tabela de classificação das Eliminatórias da Copa do Mundo 2026.
Os resultados trazem respiro ao treinador, que encerra o penúltimo período com o time brasileiro no ano com pontos positivos a serem destacados, mas ainda com problemas a serem corrigidos.
A seleção fecha a décima rodada das Eliminatórias em 4º lugar, com 16 pontos, a seis da líder Argentina, e em posição cômoda em relação aos times que se classificam para o Mundial. A próxima Data Fifa acontece em novembro, quando os comandados de Dorival enfrentam Venezuela, fora de casa, e o Uruguai, em Salvador.
Confira abaixo o que funcionou e o que não deu certo para o Brasil na Data Fifa:
APOSTAS QUE DERAM CERTO
Novidades da lista de convocados de Dorival Júnior, Igor Jesus e Luiz Henrique, ambos do Botafogo, corresponderam às expectativas de Dorival. Enquanto o primeiro demonstrou ter as características que o treinador busca em um camisa 9, com mobilidade e capacidade de fazer o pivô para os companheiros, o ponteiro-direito mostrou qualidade de finalização e chegada na linha de fundo para cruzar na área.
Igor Jesus, convocado para a vaga de Pedro, do Flamengo, abriu o placar contra Chile com um gol de cabeça. Diante do Peru, participou do lance que culminou no primeiro pênalti convertido por Raphinha, e deu assistência para o gol de Luiz Henrique. O ponta, por sua vez, balançou as redes em ambas as partidas com boas finalizações em chute cruzado, e serviu Andreas Pereira para o meio-campo marcar de voleio contra os peruanos.
Quem também se destacou foi o estreante Abner, do Lyon. O jogador não sentiu a pressão de vestir a camisa brasileira e fez duas boas partidas, bem na marcação e sempre aparecendo como opção na linha de fundo. Merece ser testado mais vezes no time titular.
RAPHINHA CENTRALIZADO
Raphinha foi um dos melhores jogadores da seleção nas partidas contra Chile e Peru. Ausente por lesão na Data Fifa anterior, o jogador assumiu o protagonismo do ataque, marcando duas vezes de pênalti contra o peruanos. O atleta foi escalado por Dorival em função parecida com a que joga no Barcelona: mais centralizado, encostando no atacante.
O jogador demonstrou boa qualidade de finalização e distribuição de jogo enquanto teve a bola nos pés. Com o retorno de Vinícius Júnior, machucado, a tendência é que Rodrygo, mal nos dois jogos, dispute uma vaga com Raphinha na função de “10”.
TIME MAIS MÓVEL
A derrota para o Paraguai deixou claro um problema que Dorival precisava corrigir urgentemente: a movimentação do time brasileiro. Era comum ver a seleção trocar passes na defesa sem ter opções tanto pelos lados quanto por dentro, apelando para o chutão, e consequentemente perdendo a bola por não ter atacantes com capacidade de vencer disputas físicas com os defensores adversários.
O panorama mudou contra o Chile, ainda que de maneira discreta. Abner e Savinho foram efetivos em dar opção pelos lados, enquanto Igor Jesus levou a melhor nos combates, mas a bola ainda não chegava com qualidade na frente. Contra o Peru, o time melhorou com mudanças no meio-campo, como a entrada de Gerson no lugar de Lucas Paquetá, e o setor evoluiu consideravelmente. O Brasil conseguiu realizar jogadas trabalhadas e aplicar um placar elástico.
VITÓRIA SEM VINI JR., NEYMAR E OUTROS DESFALQUES
Ainda é possível questionar se Neymar, se recuperando de lesão grave no joelho e em baixa nos anos recentes, tem espaço na seleção de Dorival. Dúvida semelhante ocorreu quando Vini Jr. precisou se ausentar por um problema na cervical. Contudo, o Brasil conseguiu fazer valer o vasto leque de opções técnicas e conseguiu resultados importantes sem das referências da equipe.
Veja abaixo os pontos negativos:
TRANSIÇÃO LENTA
O principal ponto a ser corrigido por Dorival Júnior para os confrontos contra Venezuela e Uruguai é a transição lenta da defesa para o ataque. Nas poucas vezes em que o Brasil conseguiu ser vertical, criou problemas para as defesas adversárias, como no segundo gol diante do Chile, e na etapa final do duelo com o Peru. Com movimentos mais ensaiados, a expectativa é de que a seleção supere a questão nos compromissos de novembro.
FURO DE BLOQUEIOS E CRIAÇÃO DE ESPAÇO
A seleção brasileira nitidamente ainda sente dificuldades em superar defesas adversárias que jogam muito fechadas.
O time de Dorival demorou a encaixar finalizações em ambas as partidas, demonstrando a necessidade de melhor treinamento nos artifícios para transpor a linha defensiva rival, como atrair o outro time para seu campo, ou “alargar” o time com a profundidade dos laterais. A escalação de Danilo no jogo com o Chile, e primeiro tempo ruim de Vanderson contra o Peru, foram sintomas da necessidade de ajuste.
INSISTÊNCIA EM DANILO E PAQUETÁ
Um dos erros de Dorival foi manter Danilo e Lucas Paquetá no time titular diante do Chile. Enquanto o primeiro pouco contribui ofensivamente, jogando em favor de uma suposta solidez defensiva, o segundo não consegue repetir o nível de atuação de outrora, aparentando estar mal não só tecnicamente como emocionalmente – o jogador é citado em investigação da federação inglesa por suposto envolvimento em esquema de apostas e pode pegar um gancho pesado.