Por ARIOVALDO IZAC
Campinas, SP, 23 (AFI) – Sinésio, meu amigo de adolescência do bairro Jardim Proença, em Campinas, não se cansava de dizer que ‘é preferível ouvir bobagem do que ser surdo’.
Então, ouçamos bobagem do tipo ‘este time do Guarani tem cara de quem vai brigar por classificação neste Paulistão’.
Sim, tivemos que ouvir isso do narrador e comentarista do canal TNT Sports, na noite desta quinta-feira, após ter sido derrotado pelo São Paulo, no Estádio do Morumbis por 1 a 0.
FERREIRINHA
Ora, até a entrada do atacante são-paulino Ferreirinha – jogador hábil e de velocidade, que substituiu o cansado Oscar, os companheiros dele levavam a partida em ritmo de jogo-treino, com pouca exposição, quer pela carência de condicionamento físico adequado, quer por imaginar que o Guarani não colaria risco na vitória construída logo aos três minutos do primeiro tempo, em cruzamento do volante Alisson e conclusão do atacante Luciano.
Ele deu um salto para alcançar a bola, o suficiente para desviá-la em direção ao canto esquerdo do goleiro bugrino Gabriel Mesquita.
Aí, os apressadinhos dirão que perder por 1 a 0 para o São Paulo, na capital paulista, seria motivo para entender que o Guarani vendeu caro a derrota.
Não confundam correria, competitividade e opção de passes curtos, visando valorização de posse de bola e redução de erros, com considerável melhoria de rendimento.
4-2-4 OBSOLETO
Mesmo com o treinador são-paulino Luis Zubeldia montando a sua equipe no obsoleto 4-2-4, e consequentemente sem pegada no meio de campo, ensejando espaços para o Guarani explorar o setor e criar chances, na prática tudo não passou de mais posse de bola comparativamente às partidas anteriores, sem que isso resultasse em criatividade para organização de jogadas.
Sim, desta vez o Guarani conseguiu mais conclusões à meta adversária, porém sem que exigisse uma defesa difícil sequer do goleiro Rafael.
LUCAS JUSTEN FOI BEM
Desta leva de boleiros incorporados ao elenco bugrino, o lateral-direito Lucas Justen deixou impressão favorável nesta quarta-feira, quer na marcação, quer quando tentou aproveitar o corredor para atacar.
Individualmente, nenhum outro jogador deve ser ressaltado, além da participação do conjunto.
Convenhamos que não se justificou a escalação do centroavante João Marcelo, recém-saído das categorias de base, pois a equipe não dispõe de um meia de criatividade para assistência, e também atacantes de beirada que saibam explorá-lo no jogo aéreo.
Logo, o recomendável seria a escalação de um atacante de mais mobilidade, que saiba buscar a bola, ou usar os espaços pelos lados do campo.
OSCAR E CONTRA-ATAQUES
Como o São Paulo abriu a contagem logo aos dois minutos, a projeção natural era que o Guarani adiantaria as suas linhas, e isso o possibilitaria se organizar para os contra-ataques, como aquele em que o lateral-esquerdo Enzo Dias colocou o centroavante Calleri na cara do gol, mas a cabeçada foi para fora.
O meia Oscar foi o diferencial na equipe do São Paulo, devido à primorosa visão de jogo para assistências, uma delas aos 40 minutos do primeiro tempo, quando seu parceiro Lucas Moura finalizou fraco e facilitou a defesa do goleiro Gabriel Mesquita.
Como Lucas Moura ainda não readquiriu a forma, não se vê aquele estilo explosão e reflexo para terminar jogadas, prova está que aos 30 minutos do segundo tempo, com cabeçada fraca, perdeu gol certo.
TITÍ
Tití zagueiro formado na base do Guarani, mostrou falta de maturidade ao provocar expulsão aos 31 minutos do segundo tempo.
Numa disputa de bola com Calleri ambos caíram.
Foi aí que maldosamente ele acertou uma cotovelada no são-paulino, em lance típico que o árbitro Luís Flávio de Oliveira mostraria o cartão vermelho. Com um jogador a menos, ficou difícil pensar em evitar a derrota.