Campinas, SP, 17 (AFI) – O discurso do treinador João Brigatti, da Ponte Preta, na entrevista coletiva pós-goleada para o Palmeiras, por 5 a 1, lembrou muito alguns comandantes do passado que, desproporcionalmente diziam ‘eu ganhei, nós empatamos e eles perderam’.
Com nervos à flor da pele, Brigatti lascou que ‘nosso time não soube honrar o manto sagrado da Ponte Preta‘.
Embora tenha se colocado no bojo dos culpados pela debacle, ele repetiu que o seu time cometeu erros que presumivelmente não se esperava que fossem cometidos.
Ora, se Brigatti lamentou tanto a falta de pegada no meio de campo, irritando-se com avanços desnecessários dos volantes Ramon e Emerson Santos, resultando em liberdade ao Palmeiras para trabalhar a bola, por que não fechou ainda mais o setor, se contava com Fraga à sua disposição?
ÉLVIS
Nem seria preciso dizer no lugar de quem. Por sinal, se a Ponte Preta tinha proposta de se defender, colocar em prática forte marcação, por que Brigatti optou por escalar o meia Élvis?
Citei aqui bem antes do jogo que o recomendável seria deixar o atleta de fora, embora reconheça-se que tecnicamente tenha virtudes.
Convenhamos que especificamente naquela situação, qual o ganho de marcação que o time teria com ele? E em organização de jogadas, se já se presumia que, sem mobilidade para o futebol moderno e bem marcado, seria facilmente absorvido, como foi?
E precisava chegar no intervalo da partida para que Brigatti chegasse à lógica conclusão?
MATEUS SILVA
A justificativa para escolha do zagueiro Mateus Silva, no lugar de Luis Haquín, não convenceu. O argumento de preocupação com jogo aéreo do Palmeiras, que insiste em bolas cruzadas, é derrubado, porque Mateus Silva também falha no jogo aéreo?
Ora, no formato com três zagueiros, uma alternativa seria centralizar Nílson Júnior, de forma que Haquín fosse posicionado para cobrir mais o lado esquerdo da defesa. Bem antes deste jogo, já estava claro que, colocado à prova, Mateus Silva desafina, como no lance do segundo gol do Palmeiras.
Um beque tipicamente de ‘chutão’, que devolve a bola ao adversário, provoca o questionamento sobre a validade da escalação.
IGOR INOCÊNCIO
Se Brigatti lamentou a falta de pegada de sua equipe, por que ignorou a opção por Luiz Felipe na lateral-direita, visto que claramente é mais incisivo que Igor Inocêncio na marcação?
Por citar Igor Inocêncio, quando o placar acusava 4 a 0 para o Palmeiras, ele tentou enfeitar jogada de calcanhar, no ataque pontepretano.
Será que um atleta com esse comportamento estaria sofrendo, como torcedores de seu clube, com o vexame?
Se era jogo de ataque contra defesa, cabe a cobrança dura sobre o atacante Iago Dias, que não acompanhou as arrancadas do lateral Piquerez, em situação característica para atacantes de beirada?
HOMEM A HOMEM
Ficar lamentando agora a falta de pegada da Ponte Preta não convence.
Por que Brigatti não treinou e colocou em prática marcação homem a homem neste jogo?
Coisa ultrapassada, diriam alguns.
Ora, se nos tempos em que os clubes contavam com exímios dribladores, capazes de tirar dois e até três adversários das jogadas para desmontar esse expediente, o modelo já era aplicado com êxito.
Logo, por que agora não daria certo, se os clubes se valem mais do toque de bola do que o drible, na tentativa de rondar áreas adversárias?
É válido Brigatti cobrar os erros de seus jogadores, mas precisa também admitir que teve significativa parcela de culpa nesse vexame da Ponte Preta, sem que isso diminua o trabalho de prosperidade feito à frente do elenco, até então.
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