São Paulo, SP, 27 – Entre emboscadas em rodovias e confrontos na porta de estádios, as torcidas organizadas de Palmeiras e Cruzeiro já acumulam episódios de violência mútua desde a década de 1980. O caso deste domingo, em que uma emboscada da Mancha Alvi Verde a um ônibus da Máfia Azul terminou com um cruzeirense morto e 20 feridos, é mais um capítulo de brutalidade no futebol brasileiro.
O início da rivalidade entre as duas torcidas ocorreu há mais de 30 anos, em 1988, após o assassinato de Cleofas Sóstenes Dantas da Silva, um dos fundadores da Mancha Alvi Verde, morto a tiros em São Paulo. Ele foi homenageado com cantos e uma queima de fogos em jogo do Palmeiras seguinte ao crime, contra o Cruzeiro, na capital paulista. Os cruzeirenses que estavam na arquibancada provocaram a torcida adversária ofendendo o fundador e desencadeando uma briga generalizada no setor visitante. Desde então, as duas torcidas mantêm uma relação marcada pela violência.
Os conflitos se estenderam a outras organizadas. Após a rivalidade entre Cruzeiro e Palmeiras crescer, uniformizadas de São Paulo e Atlético-MG surgiram como apoio aos visitantes contra os rivais locais quando há partidas entre as equipes.
Em 2022, integrantes da Mancha Alvi Verde e da Máfia Azul entraram em conflito após os ônibus que levavam as organizadas se cruzarem na Rodovia Fernão Dias, em SP. A confusão resultou no espancamento de Jorge Luís Sampaio Santos, presidente da organizada palmeirenses, que teve documentos roubos e foi exposto em vídeos nas redes sociais. Outros torcedores do time paulista foram feridos por disparos de arma de fogo.
No ano passado, a Polícia Militar de São Paulo conseguiu evitar um possível novo confronto entre as duas torcidas antes de uma partida entre Cruzeiro e Palmeiras pelo Campeonato Brasileiro. Cerca de seis torcedores cruzeirenses foram presos sob posse de armas de fogo e materiais explosivos.
A emboscada realizada pela organizada do Palmeiras na madrugada deste domingo, em Mairiporã, é citada pelos criminosos nos vídeos da confusão como cobrança pelos ataques de 2022. Além da morte de um integrante da Máfia Azul por queimaduras graves e um ferido por arma de fogo, o conflito terminou com um ônibus depredado, e outro incendiado.