Durante as Olimpíadas de Paris, Rebeca Andrade disse que seguiria na ginástica artística, mas passaria a participar de menos provas. A declaração tranquilizou fãs, que temiam uma aposentadoria da atleta de 25 anos logo após os Jogos da capital francesa. No entanto, em evento organizado pelo Flamengo na última quarta-feira (14/8), Rebeca voltou a projetar o futuro e, dessa vez, com um tom de que o adeus às competições pode estar próximo.
Perguntada sobre a responsabilidade de assumir o protagonismo da ginástica artística mundial após a despedida de Simone Biles – que não estará nas Olimpíadas de Los Angeles, em 2028 – Rebeca respondeu:
– Para mim, não é uma pressão, porque nem eu sei se vou estar (em Los Angeles), né? Talvez eu pare antes dela (Simone Biles). Enquanto eu estiver bem, saudável, vou praticar meu esporte e estar feliz. É sempre muito bom (estar no pódio), e buscamos isso. As medalhas são incríveis, mas tudo que vivemos nesse caminho é o que faz a diferença.
A preocupação com a saúde do corpo é algo que Rebeca tem destacado. Entre os 16 e 20 anos, ela passou por três cirurgias no joelho, para reconstrução de ligamento cruzado anterior (LCA). O impacto dos saltos, especialmente nas séries de solo, afeta a atleta desde a adolescência e chegou a tirá-la dos Jogos Pan-Americanos de Toronto 2015.
Em Paris, Rebeca se sentiu bem fisicamente e foi uma das grandes protagonistas das disputas da ginástica artística, ao lado de Simone Biles. A paulista saiu do evento com um ouro (solo), duas pratas (salto e individual geral) e um bronze (por equipes), assumindo o posto de maior medalhista olímpica da história do Brasil. A americana também subiu ao pódio quatro vezes, com três ouros (salto, individual geral e por equipes) e uma prata (solo).
Apesar de travarem disputas acirradas em diferentes aparelhos, Rebeca e Simone sempre mantiveram o respeito. Foram flagradas interagindo em vários momentos durante as Olimpíadas, e a americana já rasgou elogios à brasileira. Durante a cerimônia do pódio do solo, Biles e a compatriota Jordan Chiles (que depois viria a perder o bronze) se abaixaram para reverenciar Rebeca, campeã na prova. A cena rodou o mundo e se tornou uma das mais marcantes dos Jogos de Paris.
– Foi um momento muito especial, e acredito que as meninas tenham sentido isso também. Elas viram o quanto eu briguei pela medalha, assim como elas. E estávamos lá para nos apoiar, incentivar e representar uma a outra. Foi um pódio histórico, com mulheres pretas recebendo suas medalhas e mostrando que é possível. Um momento bonito, e me senti muito honrada pela reverência – comentou Rebeca, na quarta-feira.
E a maior medalhista da história do Brasil ainda colhe os louros do sucesso em Paris. O evento organizado pelo Flamengo foi uma homenagem a atletas do clube que conquistaram medalhas nas Olimpíadas. Além de Rebeca, estavam presentes as ginastas Jade Barbosa, Flávia Saraiva e Lorrane Oliveira, a judoca Rafaela Silva e o canoísta Isaquias Queiroz. Eles foram bastante festejados pelos torcedores presentes no ginásio Hélio Maurício, no Rio de Janeiro.
Mas Rebeca e as outras ginastas também já estão de olho na próxima competição do calendário. Entre os dias 15 e 22 de setembro, vai acontecer o Campeonato Brasileiro da modalidade, em João Pessoa, capital da Paraíba./ge
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