Dorival Júnior ainda está nos Estados Unidos, e os dias seguintes à eliminação na Copa América para o Uruguai são mais do que apenas para digerir a derrota nos pênaltis. As interpretações a respeito da postura nos momentos prévios às cobranças deixaram o treinador chateado ao ponto de responder com palavras firmes aos críticos.
Antes das penalidades, Dorival Júnior ficou fora da reunião em que os jogadores receberam orientação do auxiliar Lucas Silvestre. O comandante da Seleção explicou que o comportamento é habitual em sua carreira, aconteceu em vitórias nos mata-mata em que foi campeão da Copa do Brasil por Flamengo e São Paulo. Ele acrescentou que os nomes e a ordem dos cobradores já estavam definidos previamente.
– Achei um absurdo tudo o que fizeram. Em momento algum me questionaram a respeito de maneira mais direta… Nem sabia daquele assunto. Por uma foto, interpretaram de tal forma que parecia um absurdo de outro mundo. Então, eu preciso ter uma prancheta na mão com os nomes para passar um sentido de organização em cima de um grupo? Me desculpem, mas foi um absurdo o que fizeram, todas as polêmicas em cima de uma simples foto.
– Interpretarem foto sem que se questione o profissional a respeito. Me desculpe, foi uma leviandade completa. Aqueles que emitiram opinião deveriam pensar muito para falar de um profissional. Se não existe um respeito neste sentido, que me vejam como pai de família, profissional acima de tudo, que respeita tudo e todos, e aqueles que se dizem não me respeitaram. Lamento a situação, fico chateado, mas é uma situação passageira em cima de um profissional que já viveu muitos casos.
Em longa resposta sobre o tema, com mais de seis minutos, Dorival falou ainda que não participa por confiar no trabalho prévio e que é o momento de dar liberdade e tranquilidade para os atletas:
– Em todas as cobranças que eu participei, eu nunca entro naquela roda. Tudo o que fizemos foi preparatório e anterior a partida. Naquele momento, não preciso falar nada. A não ser que eu perceba uma diferença, uma dificuldade, um problema, uma mudança brusca. Mas não era o caso, estava tudo sinalizado. No minuto final da partida, já definimos quais seriam os batedores. Geralmente, eu fico bem afastado. Se pegar imagem de outros jogos, podem acompanhar que não entro ali. O momento é do jogador. Dele para com ele. Eu não gosto de participar e evito, por ser o momento de tranquilidade e de lembrar tudo aquilo que você fez.
O treinador explicou ainda que o hábito vem desde os tempos em que era jogador. Dorival lembrou ainda a edição do Brasileirão de 1988, quando todos os jogos que terminavam empatados iam para os pênaltis.
– De um modo geral, estavam todos treinados. Tenho uma coisa comigo que trago desde os tempos de jogador. Teve um campeonato em que todas as partidas que terminavam empatadas iam para os pênaltis, em 88. E eu gostava de me fechar do meu jeito. Até porque, eu me preparava para as batidas anteriormente, como foi agora. Os treinamentos não são apenas um dia antes da partida. Treinávamos com frequência. Eu ficava mais com os cobradores de falta e os pênaltis ficavam mais com o Lucas (Silvestre), com o Pedro (Sotero)…
Por fim, o comandante da Seleção revelou ainda que se aproximou dos atletas depois da roda já feita por conta da demanda de cortar um jogador das cobranças. Como o Uruguai teve Nandez expulso, o Brasil tirou Guilherme Arana da relação.
– Quando terminou a partida, eu, por trazer isso desde quando atleta, não gosto de ficar ali no meio. Eu não preciso estar com uma prancheta na mão ou com a ordem de batidas, que já tinha sido definida. Eu tinha uma auxiliar ali. O quarto árbitro tinha me chamado porque queria saber qual jogador ficaria fora das cobranças porque o Uruguai teve um jogador expulso e esse corte precisava ser anterior ao início da partida. Quando eu retornei, eu não iria falar nada, mas resolvi falar a respeito da concentração. Foi a única coisa que eu abordei, mas percebi a equipe tranquila.
A comissão técnica da Seleção ainda está em Las Vegas e retorna ao Brasil em voo fretado na terça-feira. Os jogadores, por sua vez, já foram liberados ainda na noite de sábado, divididos entre quem seguiu de férias para a família por conta própria e quem retornou para casa em logística montada pela CBF em aeronaves comerciais.
O Brasil volta a jogar na Data Fifa de setembro. Sexto colocado das eliminatórias, com sete pontos, a Seleção terá pela frente o Equador, provavelmente no Beira-Rio, e o Paraguai, em Assunção./ge
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